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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Poema - "... Em nenhum amor, existe repouso" (Nietzsche)


                                                 


Profanação do amor


Não poder amar-te como outrora
A isto chamo a verdadeira saúde!
Oh! Prímula de minha primavera doente!
Meu ser é pleno de filosofia!
“...E há quem ainda acredite na profundidade da filosofia”
“Pouco a pouco nos enfadamos do que
possuímos seguramente...”

Minha lucidez é um cemitério
Onde em covas fundas ignotos jazem
os amores meus de asas cortadas
“(...) nem a mais bela paisagem estará certa
de nosso amor, após passarmos três meses nela”

Quão risíveis me parecem agora os amantes!
Quão vãs estas empresas engenhosas de Eros!
Faustas -  creem, posto que malfadadas!
Quão deploráveis as multidões de apaixonados!
- Suas marionetes.
Cobiçosos os amantes insaciáveis se cansam
E teimam em viver na ignorância das maquinações
Deste Intermediário, astuto a mendigar consolações

Eros quer possuir, subsiste da propriedade
Exímio capitalista! Engorda com o emagrecimento
de seus operários expropriados.
Mas a Lucidez – esta doença contagiosa (mal incurável)
A Lucidez – esta metamorfose demoníaca
que solapa a Inocência
A Lucidez – esta fissura fisiológica irrecuperável
Que nos desnuda a Dor inerente a Existir
A Lucidez, enfim, me despossuiu
Lúcido, pois, (en)fadado por (de) Eros
Curei-me dos estados doentios
Do ressentimento que me fazia desaprovar a Vida!
“Enfadar-se de uma posse é enfadar-se de si mesmo”
E enfadado de mim mesmo, cultivo a fecundidade
de minha terra-solidão – Meu Exílio,
onde sou verdadeiramente livre.
Onde Eros – filho da Intemperança
Primogênito da Loucura!
Não ousa mais combalir-me
Lançando suas perturbações

“(...) Em nenhum amor, existe repouso.”


(BAR)