Eu e o Outro em mim
Ela não me telefona;
tampouco eu lhe telefono. E este sábado, em que o coração, se acostumando à
ausência e resignando-se ao destino ingrato de todo amante que se precipita ao
amor, sem que sequer lhe vislumbre a profundidade, vai, aos poucos,
devolvendo-me à alma as feições desgostosas da desilusão. Quiçá, a ordem dos
acontecimentos subsequentes não seja a que tão infelizmente pressinto ou
suponho. Talvez, esta noite me pareça mais amena e o sol de amanhã, mais tolerável.
Não quero, contudo, dar a este texto uma fisionomia lírica, que traga à cena
discursiva fantasmas românticos que expulsei da ópera de minha alma, porque
insistiam em desafinar quando ousavam cantar o amor exagerando seus contornos,
alargando seu território, expandindo seus limites, já há algum tempo
reconhecidos por mim como frágeis e quebradiços. Silencio o lirismo do coração,
conquanto eu reconheça, desde já, que silenciá-lo totalmente, durante o curso
destas palavras, me é impossível – e até indesejável. O coração, essa metáfora
para o ventre dos sentimentos, das emoções, dos calores da alma, dos cantos divinizados
dos versos, ocupará um lugar de coadjuvante neste palco discursivo onde as
palavras são os atores e atrizes. Mas não lhe nego a importância do papel que
desempenha na representação discursiva: ele bombeia o ânimo para a alma e
mantém o corpo ativamente envolvido nessa prática laboriosa de expressão
verbal.
Certa
feita, declarei a uma amiga que, malgrado nossa paixão pela leitura, nosso gosto
irresistível pelos livros (eu diria nosso apego a eles), os livros não nos
salvam. De que exatamente? De nós mesmos. Uma pessoa minimamente informada
sobre psicologia e psicanálise não terá dificuldade de entender o que quero
dizer com “salvar-nos de nós”. Nós, homens e mulheres, então adultos, trazemos
em nós uma herança de conflitos, de traumas, de dores, decepções, medos.
Acreditamos na soberania do nosso próprio ‘eu’, acreditamos na sua unidade, ao
mesmo tempo em que vivemos a mentira sobre nossa própria condição humana. É
verdade que não escapamos ao recalcamento (posteriormente definirei esse termo),
e de sua adequada realização depende a normalidade de nossa vida psíquica. O
viver humano depende, aliás, de que operemos uma repressão básica, qual seja, a
do terror da morte. A percepção da verdade de nossa condição – animais
conscientes do seu destino mortal – é fonte de angústia. A percepção da verdade
de nossa condição é lucidamente descrita por Becker, em seu A Negação da Morte (2012), no que se
segue:
“Este é o horror: ter surgido do
nada, ter um nome, consciência de si mesmo, profundos sentimentos íntimos, uma
torturante ânsia íntima pela vida e pela auto-expressão – e, apesar de tudo
isso, morrer (p. 115-116)”.
Não quero
me delongar sobre esse tema e se o retomei aqui foi para tentar elucidar a
crença que acalento na ineficácia salvífica dos livros. Ainda que os cuidemos
âncoras por meio das quais não vivemos à deriva, eles não nos livram de nos
haver com nós mesmos e de nos confrontar com o ser-aí, ou seja, o mundo empírico, o ser absurdo. Nós, então bebês,
quando arrancados do conforto e da segurança da condição da vida intra-uterina,
fomos arremessados à existência, condição esta em que deixamos nua nossa
fragilidade e nossa impotência para a sobrevivência por nossa própria conta.
Sem o amparo e os cuidados dispensados por nossos pais (ou outros
significativos responsáveis), morreríamos prematuramente. Se os livros não nos
salvam de nossa conflituosa condição humana, ao menos eles nos ajudam a
examiná-la, compreendê-la, fornecendo-nos as ferramentas necessárias para
suportá-la.
São
exatamente 16h 10 da tarde e não há sinal algum de que uma reconciliação entre
nossos desejos de ventura amorosa será possível, pelo menos hoje.
Cuido-me
uma pessoa ansiosa. Sofro tanto de ânsia quanto de ansiedade. Acho que devo
discernir os dois conceitos. A ânsia pode ser definida tanto como desejo
ardente quanto como um tormento espiritual causado por um sentimento de
expectativa e incerteza. Muito embora confundida, quase sempre, no senso-comum,
com a ânsia, a ansiedade, por sua
vez, é, em psicanálise, definida como um estado de tensão emocional, que
compreende sentimentos irrealistas de apreensão, angústia e medo. A ansiedade
está na base da neurose. Convém acrescentar, sob pena de pecar na exatidão, que
a ansiedade pode também incluir a percepção de um perigo real. Nesse caso, a
ansiedade se chama ansiedade realista.
Se, contudo, no estado de ansiedade, os perigos são desconhecidos pelo
indivíduo, temos a ansiedade neurótica.
Freud discrimina, tendo em conta cada fase da vida de uma pessoa, fatores que a
determinam: a) o medo do nascimento; b) o medo de separação da mãe (que está na
origem da histeria); c) o medo de castração (que dá origem a fobias); d) o medo
do superego (que causa as neuroses obsessivas); e, finalmente, e) o medo da
morte.
Antes
de fazer incursão no terreno da neurose, circunstância em que eu me reconhecerei como
uma pessoa neurótica (na verdade, todos
somos, em alguma medida, neuróticos, mas desenvolverei essa discussão mais
adiante), gostaria de referir e definir um tipo de ansiedade, que Freud
chama ansiedade primordial, visto que
me parece adequada para explicar a ansiedade inerente às minhas vivências
enquanto adulto. A ansiedade primordial ocorre no bebê quando é separado de sua
mãe ao nascer. Segundo Freud, esse evento primordial constitui a causa da
repressão. Essa ansiedade, tal como definida por ele, parece acometer todos os
bebês, mas, no meu caso, quiçá, ela possa ter sido mais dramática ou traumática.
A essa altura, gostaria de que o leitor retivesse a ideia, que me parece bem
estabelecida em psicanálise, de que viver é acumular traumas; ou, dito de outro
modo, é impossível viver sem que nossa personalidade não seja afetada por traumas.
Quando
se deu a separação entre mim e minha mãe, por ocasião de meu nascimento, tive
de ser conduzido urgentemente a uma mesa de cirurgia. Durante os primeiros seis
anos de vida, várias separações se sucederam, dada a necessidade de realização
de várias cirurgias e internações.
Um dos
princípios previstos pela teoria psicanalítica de Freud consiste na ideia de
que nosso passado exerce influência decisiva na formação de nosso psiquismo.
Postula o pai da psicanálise que as experiências da primeira infância (que vai
do 0 aos 3 anos de vida) vão ser determinantes da forma de nossas experiências
psíquicas na fase adulta. Grosso modo, aquilo que nos tornamos, na fase adulta,
será definido em nossas experiências primevas da primeira infância. Freud,
aliás, resumiu bem essa condição, ao nos legar a frase: “A criança é pai do
homem”.
Do
exposto acima, se depreende que a criança sobrevive no indivíduo adulto. O
adulto não deixa de “hospedar”, nas suas profundezas psíquicas, por assim
dizer, a criança que um dia foi. De minha parte, as sessões de psicanálise que
frequentei, em algumas ocasiões num passado não muito longínquo, contribuíram
para amenizar os traumas da infância de minha alma. Reconheço, na verdade, que
elas contribuíram fundamentalmente para me libertar de um estado aterrador de
depressão, que eu arrastava na alma durante anos. A depressão é uma síndrome,
já que reúne vários sintomas, entre os quais abatimento físico (tristeza,
fadiga), ideias ou tentativas de suicídio, perda de interesse, de amor-próprio
e desolação.
Observei,
mais acima, que todos somos neuróticos em alguma medida. E Teles (2004) vem em
socorro dessa ideia, ao nos ensinar:
“(...) todos nós temos nossos traços
neuróticos, todos temos momentos ilógicos, por menores e mais invisíveis que
sejam. Todos temos medos, inseguranças, conflitos, ansiedades, sentimentos de
culpa. Todos usamos os recursos dos mecanismos de defesa para proteger o nosso
ego, a nossa auto-estima (p. 21)”.
A autora,
logo em seguida, nos chamará atenção sobre o confronto necessário de nossa
condição com a realidade dura do mundo:
“A verdade é que temos que crescer e
enfrentar a realidade e a hostilidade do mundo, mas, no fundo de nós, habitará
sempre a criança impotente diante de um mundo, de uma natureza e de um infinito
que não compreende. Habitará sempre em nós a consciência de que nada é
permanente, de que tudo morre, deteriora-se e passa, até mesmo nós (ib.id.)”.
Ao
enfocar, doravante, a neurose, terei sempre em conta a forma como me envolvo nas experiências afetivo-amorosas. São muitas as teorias sobre neurose (Teles,
2004, p. 22). Karen Horney, por exemplo, entende que os conflitos neuróticos
seriam produtos da repressão da agressividade infantil, fato este que
desencadearia a ansiedade básica, que persistiria e impregnaria a personalidade
do indivíduo adulto. Por ansiedade
básica, a psicóloga culturalista entende o sentimento de impotência e de
solidão, que se origina na infância, em face de um mundo considerado hostil. A
criança, impotente e solitária, confronta-se com o mundo que considera hostil.
Para
Teles, há, na neurose, um desacordo, uma discrepância entre o “eu real” e o “eu
ideal”. A autora refere várias características do comportamento
neurótico, entre as quais estão: sentimentos de insatisfação difusa,
insegurança, inadequação, inferioridade, inibições exageradas, tensão,
conflitos sem solução, dependência constante da aprovação e do afeto de outrem
e excessiva proteção contra todos e contra tudo (p. 28).
O
comportamento neurótico é desencadeado sempre que, irrompendo um desacordo
entre o eu e o mundo, o indivíduo não é bem sucedido na busca por recursos que
restaurem a conciliação entre ambos. A neurose pressupõe um comportamento em
descompasso com a dinâmica dos comportamentos aceitos ou bem avaliados com base
nos padrões culturais de uma sociedade. A pessoa neurótica, observa Horney,
buscará solucionar seus conflitos, mas ao fazê-lo, as medidas tomadas serão menos satisfatórias do que as dos demais indivíduos. Essa
busca é feita à custa de muito dispêndio de energia e de grandes sacrifícios
para a personalidade. Horney, em A
personalidade neurótica de nosso tempo (p. 22), define a neurose como
um distúrbio psíquico decorrente de medos e defesas empregadas contra esses
medos, distúrbio que se caracteriza por tentativas de buscar soluções para os
conflitos.
Uma
constante nas neuroses são os conflitos. Eles se dão no interior do eu do
indivíduo, em grande parte inconscientemente. Os conflitos incluem o medo e a
agressividade, os sentimentos de culpa e a necessidade de amor (que pode tornar
a pulsão sexual em obsessão). Desses conflitos resulta um estado constante de
ansiedade, que se acompanha de perturbações físicas ou mesmo de entorpecimento
emocional, caso da depressão. O doente neurótico ignora os desejos recalcados.
Por recalcamento, entende-se um tipo de repressão completa, isto é, a proibição
à representação de uma pulsão (em geral, sexual ou agressivo) na consciência. Os
conteúdos recalcados, ou seja, afastados completamente da consciência (por
serem causa potencial de desprazer ou punição) permanecem inconscientes.
É
possível também pensar a neurose, como o faz Freud, como uma doença da libido.
Nesse caso, ela surge como consequência da ruptura do equilíbrio entre a libido
e o eu. A neurose é, assim, um fracasso do recalcamento. Ainda que eu pudesse
me esforçar por desenvolver um pouco mais essa ideia, tal me levaria muito
longe. Há vários tipos de neurose e eu não suponho padecer de vários tipos,
evidentemente. Um tipo, entretanto, me despertou a atenção; trata-se da neurose objetiva. Nela o conflito
psíquico se exprime por sintomas considerados compulsivos (ideias obsessivas,
compulsão à realização de atos penosos, ritos, etc.), mas também por um
pensamento submetido à ruminação mental, à dúvida e a inibições de toda sorte.
Por vezes, me apercebo de que fico a ruminar ideais que provocam muita
ansiedade, a alimentar dúvidas que engendram muita insegurança e medo. Essas
ideias estão quase todas ligadas às experiências sexuais-afetivas ou amorosas.
Neste
instante mesmo, em que o silêncio entre mim e ela permanece intocável, esforço-me,
na elaboração deste texto, por domesticar minha ansiedade, por defender-me contra o
medo que ela envolve. Há dúvidas que me fustigam a alma, nesse momento; e
receio saber a verdade sobre a condição de nosso relacionamento de amor
promitente.
A
relação que a criança estabelece com seus pais, nos primeiros anos de vida,
exercerá um papel importante também nas escolhas amorosas em sua fase adulta. O
indivíduo, portanto, então adulto, buscará nas suas escolhas amorosas a forma
da relação amorosa experienciada com seu pai e sua mãe. Essa relação amorosa
acabará por ser um modelo para as suas experiências amorosas futuras com
outrem.
Ainda
implicada na questão da neurose, há que se destacar a importância da tendência neurótica. Ela diz respeito à organização de tendências que visam à
segurança máxima do eu, quer no sentido de aproximar-se das pessoas, quer no
sentido de afastar-se delas, quer ainda no sentido de opor-se a elas.
Decerto,
os livros não nos salvam. Não nos livram de nossas tendências neuróticas. Eles
não impedem a nossa infelicidade, as nossas decepções, não evitam nossos
embaraços, tampouco nossos medos. Pelo menos, no entanto, eles nos munem do
conhecimento indispensável para manter-nos conciliados com o mundo ou com nossa
libido.
Eis um
princípio básico da psicanálise, enunciado por Freud, e que o leitor não pode
esquecer: o homem não é o senhor de si.
Freud escreveu, na verdade, “O eu não é o senhor em sua própria casa”, visto
que sua vida consciente é determinada por forças inconscientes que lhe são
ignoradas e que lhe escapam ao controle. Ou seja, não somos senhores absolutos de nossos atos; uma grande parte das causas de nosso comportamento é desconhecida. Não estamos totalmente no controle de nossa vida psíquica. O eu não é o responsável por todos os seus pensamentos; há pensamentos que assomam à consciência que não são de responsabilidade do "eu".
Algumas
palavras sobre o inconsciente se fazem necessárias, doravante. Para Freud, o
inconsciente é a verdadeira realidade psíquica, é sua natureza mais íntima e
mais estranha. Trata-se de uma realidade muito desconhecida de nós. Embora
possamos pensar o inconsciente lançando mão da metáfora do iceberg, de modo que a parte maior, que fica submersa, corresponde
ao inconsciente, ao passo que a parte menor, que fica à tona, é a consciência,
importa entender o inconsciente como uma hipótese psicanalítica, pela qual se
explica a estrutura da vida emocional do indivíduo. Por outro lado, o
inconsciente é também um sistema lógico que opera na mente das pessoas. Ele é
estruturado como uma linguagem (Lacan).
O
inconsciente é o próprio psiquismo, é a base fundamental da vida psíquica; nele
se encontra concentrada a totalidade da energia libidinal. Como é no
inconsciente que se encontram as representações e desejos recalcados, ele é o
próprio recalcado. Freud supunha que nossa vida psíquica consciente é
inteiramente determinada pelo inconsciente. Duas ideias me parecem fundamentais
para que compreendamos o inconsciente: a primeira é que ele é desconhecido de
nós; o que foi recalcado não nos é acessível; as forças que atuam sobre o eu,
forças inconscientes, nos são estranhas. A segunda ideia toca ao fato de que,
no inconsciente, os conteúdos de nossas vivências pessoais jazem reprimidos e
esquecidos. Como o inconsciente é responsável por determinar nossa vida
psíquica consciente, o eu não pode ser senhor de sua casa, não pode estar no
domínio pleno da estrutura psíquica. Toda a atividade do inconsciente tende
para o prazer e busca evitar o desprazer. O inconsciente é regido pelo
princípio do prazer.
E já são
sete horas desta noite que segue arrastando minhas dúvidas e cozinhando-as na
caldeira de meu coração. Receio não conseguir considerar a problemática do
sujeito psicanalítico, questão cujo desenvolvimento seria indispensável à
compreensão do sujeito como necessariamente cindido. Basta dizer que o sujeito
não pode ser pensado e definido fora do âmbito da linguagem. Ele é um sujeito
situado no domínio social e, como tal, se constitui na relação com o outro (pelo imaginário) e
com o Outro no campo da linguagem. O “Outro” (com maiúscula) é uma categoria
proposta por Lacan e compreende não só o adulto mais próximo, mas também a estrutura de significantes dessa ordem social e cultural que ele encarna – ordem estruturada por ideologias,
valores, significações. Esse Outro pertence à ordem do simbólico. Esse Outro é a estrutura material e simbólica dessa ordem social e cultural (que, como disse, se constitui de valores, crenças, significações, ideologias, etc.). O outro (com
minúscula), por sua vez, é o meu ego alterado, é um alter-ego, no qual projeto
minha própria imagem. É nesse outro que o eu encontra uma imagem idealizada de
si mesmo. O sujeito da psicanálise é sujeito do inconsciente. Ele se constitui
numa relação simbólica com o Outro e imaginária com o outro. Esse Outro do
inconsciente me determina como sujeito. Saliento que esse Outro que me
determina como sujeito, que é o Outro do inconsciente e que encarna toda uma
ordem social e/ou cultural, é desconhecido de mim como sujeito.
Agora,
começarei a tatear uma questão que se me apresenta emaranhada. Eu não sou a
pessoa suficientemente competente para avaliá-la, é claro. No entanto, em
alguns lampejos de consciência, seus contornos me parecem nítidos. Trata-se da
questão da sexualidade. Começo logo rechaçando o equívoco em reduzi-la ao
coito. Também não pode compreender apenas zonas erógenas e órgãos sexuais. Não
se reduz ao prazer do sexo. Em psicanálise, a sexualidade toca à totalidade
dinâmica do ser humano, definindo-o tanto como organismo físico quanto como ser
psíquico. A sexualidade penetra-lhe o ser mesmo.
A
energia que está na base dos impulsos sexuais chama-se libido. Os sintomas neuróticos funcionam como formas de satisfação
substitutivas dos desejos sexuais recalcados. Na sublimação, as pulsões sexuais
são desviadas do objeto sexual e orientadas para atividades socialmente
valorizadas (trabalho, arte, literatura...). Segundo Freud, toda sociedade exige
de seus indivíduos sacrifício de seus instintos sexuais em favor do trabalho ou
de outras atividades elevadas socialmente.
Sinto
que recaiu um véu, neste instante, sobre o curso da história do desenvolvimento
de minha sexualidade. Eu é que lanço este véu, quer porque esteja cansado, quer
porque me custa me deter a pensar sobre ela. O leitor, quiçá, não esteja mais
frustrado do que eu.