Mostrando postagens com marcador Linguagem silente. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Linguagem silente. Mostrar todas as postagens

domingo, 23 de setembro de 2012

"Quando o silêncio me absorve, as palavras me expõem" (BAR)



                                   

                                  Linguagem silente


Imagino-me numa comunidade de leitores. Em face de amigos leitores, a conversar sobre nossas leituras... Que bela imagem nutritiva para a alma! Que teria eu a contar-lhes? Ah! Tanta coisa! E deles esperaria eu muito mais... Entanto, só encontro o silêncio dos livros na alma dos que me dirigem a palavra. Vejo-me então contando a minha psicanalista sobre os declives e aclives de minha alma. Não é fácil despejar a solidão da morada da alma. Ela é relutante e, rendendo-se, torna a habitá-la. Vivo, por vezes, confundido em mim mesmo. A densidade de pensamentos atinge graus intoleráveis. Tornam-se pesados e embaralham-me o espírito. Vivo me atropelando. Não raro, acordo sobressaltado na madrugada entulhado de pensamentos. Dou-me conta de que eles atravancam o caminho da serenidade. Quero dispensá-los, mas não consigo e insisto, em vão, na busca pela pessoa com quem compartilhá-los. Pobres espíritos incapazes de absorvê-los. Tomam-nos superficialmente; não os compreendem, porquanto foram acostumados à tagarelice cotidiana, que não favorece a fecundação de pensamentos que se elevem acima das banalidades temáticas.
Escrevo sem outra pretensão senão derramar-me.