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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Feminilidades


Às imagens feminis de minha primavera




Escrevo às sonhadoras, às desalentadas, às jovens que, algum dia, tomaram em mãos aquela carta amarelada de um amor a que juravam plena devoção e puseram-se a chorar gemendo e murmurando o nome dele como uma criança que, na escuridão de uma cova de amor, chama por sua mãe... Escrevo às moças em cujo espírito pululam fantasias de amor... Escrevo também às moças que ousaram, numa noite, dizer que não mais se apaixonariam por homem algum, porque todo homem é indiferente ao seu sentimento de benquerença e às suas aspirações passionais... Escrevo às jovens que, embora idealizem o homem que satisfaça seus anseios, podem não estar maturadas para acolhê-lo em seu coração. Escrevo às jovens que dizem não tolerar os românticos, pois que o tenham por piegas. Escrevo àquelas que vivem sozinhas, na companhia de sua solidão... Às moças que, por uma decepção amorosa, cuidaram, por longo tempo, que melhor seria viver só, e viver apenas dedicando-se ao estudo ou ao trabalho, e que não mais lhes seria agradável ocupar seu tempo com arquitetar em seu coração um meio para se aproximar ou requestar a afeição de quem sequer lhes pousou os olhos. Escrevo àquelas que, em algum dia, ouviram dizer o rapaz por quem, durante muitas noites, debulharam-se em lágrimas e sem o qual, numa insensatez pungente, disseram não poderiam mais viver, palavras mudas e vazias, tais como “sabe que é... tipo assim, nós dois...sabe... Eu preciso de um tempo... quer dizer, eu gosto de você, mas é que...”. Escrevo àquelas que, numa night, ouviram um figurão vomitar lugares-comuns – ou pior! – ouviram-no dizer versos plagiados! Se bem que alguns não se atreveriam a tal astúcia, por lhes faltar perspicácia... Pense-se em quão laborioso lhes seria abrir um livro de sonetos e dele colher alguns versos....Escrevo às intelectuais, às filósofas do cotidiano, às céticas, às moças em cuja mente paira dúvida sobre o amor... Escrevo às românticas.... Escrevo àquelas que desejam manifestar amor ao seu companheiro, mas receiam que ele se vanglorie disso e, ao invés de lhes retribuir na mesma medida a doação, se lhes dê as costas, convencido de que, ao primeiro sinal, virão até ele como cordeirinhos.
Escrevo, enfim, às enamoradas, às que são resignadas e altruístas, às que não receiam sentir paixão... Às que são resilientes e dão a volta por cima. Escrevo àquelas que, com lágrimas enxutas, sonham com um novo pôr-do-sol. Àquelas que, ao se olharem no espelho, se cuidam belas, atraentes, dignas de serem amadas... Escrevo aquelas que pintam o rosto e participam de militância em prol dos direitos da mulher.... Escrevo àquelas que são tristes, mas estampam no semblante um sorriso dissimulado, só para que não lhes notem a lamúria. Escrevo àquelas que se uniram e lutaram por condições igualitárias numa sociedade marcadamente hierarquizada, preconceituosa e machista.