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terça-feira, 12 de julho de 2011

"O amor revela mais do que esconde". (BAR)

                                                           Divagações


Disseram-me que eu não devo encarar a vida com tanta seriedade. Às vezes, vale mais uma embriaguez de sentimentos e grandes talagadas de emoções inflamadas e só. O futuro pouco vale se não aprendemos a conviver com cada instante que se apossa de nós. Somos inteiramente num instante. Eu estou todo neste exato momento em que escrevo; não há sequer uma parte de mim que esteja em outro lugar. Meus pensamentos estão contidos nesse breve espaço de tempo em que me esforço por escrever este texto.
Quero que alguém compartilhe comigo desta inquietante sensação de que eu sou neste instante. Beba comigo essa dose exagerada de lucidez. Penso tanto nos dias que virão, nos meses que ainda não nasceram. Penso tanto no futuro, minha vida tem sido projetada para esse futuro, tempo em que chegará a felicidade tão desejada.
Mas o que eu quero realmente é não mais planejar. Quero a amizade de pessoas que chegaram a um tempo de suas vidas em que não planejam mais, apenas vivem  segundo a medida da sabedoria que a vida já lhes proporcionou.
Aprendi que não devemos sempre agradar as pessoas, nem sempre devemos estampar um sorriso gratuito só para parecer simpáticos. Eu sou agradável no trato, delicado na expressão, divertido, quando me cabe, e até cortês. No entanto, há momentos em que posso parecer ser antipático simplesmente por preferir o silêncio, o isolamento. Às vezes, me recolho num estado de anestesiamento, fico absorto e me perguntam o que há comigo. Há momentos em que é melhor calar. Há uma dimensão em mim que prefiro cercar com o silêncio e só compartilhar com quem seja merecedor de minha confiança.
Eu ouso declarar que nada é mais importante nesta existência tão pouco inspiradora que o amor dos que nos querem bem. Nada mais. Nossos pais, nossos avós, e todos que nos educaram e cuidaram de nós são, certamente, o sentido de tudo isso. É claro que não contaremos com eles sempre; um dia, sucumbirão e nos caberá escolher entre viver só ou unir nosso corpo e coração a outra pessoa com quem renovaremos aquela aliança que nos justificava a vida.
Nascer, crescer, reproduzir-se e morrer – processos que explicam o curso de nossa vida biológica, mas que não dão conta da significação de nossa dimensão humana. E as emoções? E os sentimentos? E as experiências? E as tristezas? E as alegrias? E as dores? Onde se encaixa tudo isso? E as paixões? E os amores e desamores? E as lembranças? A memória? A saudade? E o desejo? Onde se encaixa tudo isso?
Quer conhecer bem as pessoas? Atente para o modo como amam. Na forma como amamos, manifestamos o modo como somos e sentimos. O amor revela mais do que esconde. Revela nossa única verdade: somos todos muito carentes.