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quinta-feira, 5 de julho de 2018

A essência do niilismo: "(...) a crença no devir, a convicção, niilista, de que todas as coisas estejam no tempo, de que tudo flui e nada permanece" (Rossano Pecoraro)


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                           Filosofia e Niilismo
                      Primícias de uma investigação

 

Na filosofia moderna, na esteira de Descartes, por intuição entende-se a apreensão de qualquer objeto mental. Intuição, nesse sentido, recobre tudo que o pensamento experimenta com precisão em si mesmo ou na imaginação. Locke não dirá diferente disso – intuitivo é o conhecimento que percebe a concordância ou discordância entre duas ideias imediatas. É por intuição, portanto, que chego a compreender que, depois de Nietzsche, é impossível fazer filosofia como a fizeram seus antecessores. O que significa essa impossibilidade?  Para mim, ela significa duas coisas: 1) impossibilidade de sustentação de um pensamento filosófico afinado com os pressupostos hermenêuticos à luz dos quais se orientou a tradição; 2) insistência em manter silêncio sobre as consequências radicais para a reflexão filosófica advindas da perturbação desse que é o “mais sinistro de todos os hóspedes” – o niilismo.

A confiança na razão é a essência de toda empresa filosófica. A história do pensamento filosófico, desde suas origens, orientou-se pela busca de princípios capazes de conferir sentido ao conjunto da experiência humana. Quando admitimos que a filosofia se desenvolveu, desde suas origens pré-socráticas, como uma prática discursiva assentada na confiança na razão, queremos dizer que a experiência filosófica é ela mesma uma experiência destinada ao trabalho com o sentido. A filosofia tem como preocupação a determinação de um sentido para o mundo. Historicamente, portanto, a filosofia, buscando explicar, num registro racional, os problemas já colocados pelo mito e a religião, assumirá alguns pressupostos que, na modernidade (e, sobretudo, depois do trabalho da desconstrução), se tornaram ineficazes para conferir sentido à vida humana. Dentre esses pressupostos, destaquem-se três:

 

a) o mundo constitui uma totalidade ordenada e inteligível, cuja história obedece a um desenvolvimento explicável;

b) Esse mundo ou cosmo apresenta uma ordem eterna, divina, bela (boa); em última instância, inteligível.

c) o sentido da vida humana consiste em ajustar-se a essa ordem divina e bela que constitui o cosmo.

 

Toda a história da filosofia ocidental, sobretudo a partir de Platão, orientou-se pelo pressuposto de que um ente, quanto mais real, quanto mais verdadeiro, quanto mais eterno, mais bondade e perfeição possuiria. A vida humana deveria orientar-se pelo mais real, pelo que é em si.

Com o anúncio nietzschiano da morte de Deus, se esgota o sentido no próprio coração do universo. Com ela, apaga-se a ulterioridade do princípio, desaparece o “lugar” da constituição dos valores superiores. O homem sente a proximidade desse que é “o mais sinistro dos hóspedes” – o niilismo.

De fato, o niilismo, enquanto uma forma de pensamento obcecado pelo nihil – o nada, pode ser rastreado em toda a história do pensamento ocidental. De Górgias com suas famosas teses “nada é, e se alguma coisa fosse, não poderia ser conhecida, e se fosse conhecível, seria inexprimível” – à teologia negativa do poeta e filósofo italiano Giacomo Leopardi, para quem o nada é o princípio de Deus e de todas as coisas, o niilismo impregnou o existencialismo francês cujos maiores expoentes são Sartre e Camus. Mas foi, sem dúvida, Nietzsche o maior profeta e teórico do niilismo. É com ele que o niilismo se erigirá em categoria histórica e em objeto de reflexão filosófica. Niilismo, a despeito de seu caráter multívoco, pode ser definido como uma doutrina que opera segundo uma série de reduções: os entes, as coisas, o mundo e, em particular, os valores e os princípios – são negados e reduzidos a nada. Do ponto de vista ontológico, o niilismo é a afirmação de um mundo do qual não se pode sair, de um mundo sem transcendência, sem valores superiores, sem alhures. Estar sempre de luto, reconhecer que nossa relação com o sentido originário, com os deuses, com o fundamento é uma relação marcada pela ausência, pela perda, pelo desaparecimento – eis, em suma, a essência da experiência niilista.

Me parece razoável dizer que toda a filosofia subsequente ao anúncio da morte de Deus constituiu um esforço de ultrapassamento do niilismo, uma busca por fazer viger alguma experiência de sentido no deserto que se tornou o mundo, após a devastação levada a cabo pelo trabalho da desconstrução. A filosofia, por razões que suponho estejam claras, não pode coexistir com o niilismo; o niilismo constitui uma ameaça à própria possibilidade da experiência filosófica. Pelo menos, me parece ser esse o perigo que mesmo Nietzsche e os filósofos que o sucederam souberam entrever.

 

Não obstante, a par do aspecto negativo do niilismo, há nele um aspecto positivo. Num sentido positivo, o niilismo, na esteira de Nietzsche, permite uma nova posição de valores baseada na vontade de poder como caráter fundamental de tudo que é. É esta dimensão positiva do niilismo que precisa ser mais bem aprofundada. Para mim, portanto, a grande questão filosófica, o problema que mais interesse tem-me despertado em minha lida diária com a filosofia, é como fazer filosofia em face da presença impregnante e perturbadora desse hóspede sinistro, que resiste a toda ordem de despejo. Em suma, como é possível filosofar em face da presença do signo da Morte, da tentação do suicídio, da natureza emergente do Nada, que ameaça, por todos os lados, a pretensão de conferir sentido à série de esforços mobilizados pelos homens na tentativa de suportar o que eles, não raro, pressentem como um fardo, um peso, a saber, a própria existência? Eu me sinto tentado, quase por intuição, a anunciar uma resposta cuja elaboração supõe a defesa de uma filosofia da banalidade do real. O niilismo não encerra tão somente um aspecto negativo; ele não pode ser compreendido e experienciado apenas como ausência dos fundamentos, vazio, abandono, náusea, aniquilamento. Como o niilismo encerre também um aspecto positivo, ele deve ser compreendido e pode ser experienciado como afirmação da banalidade da vida, como desmitificação, como renúncia às formas nocivas de autoengano, como recusa do esgotamento da vontade, da tirania dos valores “superiores” que divorciaram o homem do real, que asfixiaram a vida instintiva no próprio homem. O niilismo pode ser o modo próprio de a vida instintiva dar-se ao homem como gratuidade, como um viver-se que é vontade de vida, potência de ser, que se afirma sob a forma de um novo Aufklärung (esclarecimento). Na medida em que o niilismo constitui a categoria fundamental através da qual devemos pensar a constituição histórica do homem ocidental, na medida em que o niilismo se tornou “a condição normal” de nosso tempo, será necessário também examinar as formas atuais assumidas por um “niilismo incompleto”, que reduziram a vida do homem comum à vida besta em escala planetária, a uma forma de vida depauperada. O niilismo contemporâneo é um niilismo que não atingiu suas últimas consequências, a saber, a libertação do homem e da vida no homem da tirania das ficções, dos produtos da criação do “imaginário radical, para usar um conceito de Castoriadis, com o qual ele busca compreender o caráter ficcional ou imaginário da instituição da ordem social. Esse niilismo incompleto encontra numa bioascese seu  modus operandi mais devastador, porque produz uma forma, cientificamente controlada e balizada, de esgotamento do corpo, porquanto funciona como um biopoder que busca obsessivamente, por um lado, ajustar o corpo às normas científicas de saúde, de longevidade; e por outro, às normas da cultura do espetáculo, conforme o modelo das celebridades. Vige ainda aí, de modo explícito, a crença na Ciência como o caminho redentor do homem de sua condição existencialmente precária e mortal. O niilismo contemporâneo revela uma nova forma de aprisionamento do homem, de escravização da vida: a tirania da imagem corporal ideal, que se persegue mesmo à custa do bem-estar, mesmo que sejam necessárias as mutilações do corpo que comprometem esse bem-estar. O corpo é um corpo reificado e a imagem corporal como signo do Belo almejado, um Belo que não é uma Essência a habitar o mundo platônico das Formas, mas um Belo que toma corpo, que “se faz carne” e se torna objeto de adoração, idolatria; essa imagem corporal que expressa o Belo ideal é absolutizada. O niilismo incompleto contemporâneo, sob a forma de biopoder, produz meros sobreviventes: ele separa, no homem, a vida orgânica da vida animal, o não humano do humano. Sua ambição suprema é a separação definitiva do zoé e bios. Fazer sobreviver significa reduzir o homem à vida vegetativa; significa, em última instância, reduzir a vida humana a um mínimo biológico, à vida nua, ao mero fato da vida.

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

"Nietzsche foi um bon vivant: ele soube desferir seus golpes" (BAR)

                                      


                

                  Contra o cansaço endêmico


Em entrevista a Silvie Jaudeau, o filósofo romeno E. M. Cioran responde a diversas perguntas sobre sua vida e obra. A certa altura, Jaudeau pergunta ao filósofo: por que o senhor rompeu com a poesia? -  ao que responde Cioran:[1]


“Por esgotamento interior, por enfraquecimento da minha capacidade de emoção. Chega um tempo em que se fica ressecado. O interesse pela poesia está ligado a essa frescura do espírito sem a qual rapidamente os artifícios são percebidos. O mesmo vale para a prosa. Na medida em que fico mais velho, escrever não me parece essencial. Livre de um ciclo de tormentos, descubro enfim a dor da capitulação (...)”.



O esgotamento interior e o ressecamento a que se refere Cioran não são apenas sintomas do envelhecimento e da proximidade do fim da vida. São sintomas da apreensão da vanidade de tudo que, outrora, lhe parecia indispensável. Na juventude, para enfrentar suas crises de insônia e evitar que, afundado em seus tormentos, viesse a pôr fim a sua vida, Cioran dedicou-se a escrever. Escrever, segundo ele mesmo confessou, foi sua única alternativa para evitar o suicídio. A resposta de Cioran é reveladora de um homem já cansado da vida; mas esse cansaço não é meramente um estado fisiológico tardio; trata-se de um estado que o acompanhou durante quase toda a sua vida, que marcou profundamente sua obra. Que este cansaço  tenha-o mortificado ainda na juventude prova-o o texto Esgotamento e agonia de Nos Cumes do Desespero, no qual o jovem Cioran escreveu “quero morrer, mas lamento querer morrer”[2]. As páginas de Cioran não são, para mim, simples objetos de estudo e reflexão; são testemunhos de experiências que me são congênitas. Todo o sentido da filosofia, para mim, se justifica nessas páginas. A atmosfera asfixiante, de um pessimismo clarividente e desesperador, combinado com um ceticismo corrosivo, deleita meu espírito tanto quanto se parece com a atmosfera em que, há alguns anos, compus muitos de meus textos.
Ainda uma segunda pergunta dirigida a Cioran acarreta uma resposta que deve ser aqui referida. Jaudeau pergunta ao filósofo romeno: A sua verdade não reside no silêncio oposto hoje aos que ainda esperam livros do senhor?. Leia-se a resposta.


“Talvez; mas se não escrevo mais é por estar farto de caluniar o universo. Sou vítima de uma espécie de desgaste. A lucidez e a fadiga venceram-me – falo de uma fadiga filosófica tanto quanto biológica -, algo se rompeu em mim. Escreve-se por necessidade, e a lassitude elimina essa necessidade. Chega um tempo em que nada disso interessa mais.”



Eis aí, mais uma vez, o testemunho de alguém que foi vencido pela vida; não porque foi inapto fisiologicamente para suportá-la, mas justamente porque soube resistir a ela tão profundamente que a desmascarou para apresentá-la tal como é: um acontecimento sem sentido e sem propósito. A lucidez lhe foi o ônus por ter suportado durante tanto tempo a vida. A lucidez, porquanto é um estado de compreensão penetrante, cirúrgica, inquietante, revela aquilo que se mantivera encoberto por nossas ilusões (no sentido freudiano, a saber, por crenças motivadas pelo desejo). Por isso, em Do inconveniente de ter nascido, ele asseverou: “Relativamente a todo e qualquer ato da vida, o espírito desempenha o papel de desmancha-prazeres”.[3] Esse papel é extensivo à lucidez; no entanto, mais do que ser um estraga-prazeres, a lucidez costuma fustigar a ponto de, como no caso de Cioran, tornar-nos lassos. O tempo em que a lucidez atinge seu ápice é o tempo em que “nada mais interessa”.
De que modo busco compensar o cansaço contaminante de Cioran é o que minhas próximas linhas hão de explicar. A explicação, a fim de que seja o mais inteligível possível, deve começar pelo esclarecimento do significado deste meu enunciado: “Ter um alvo, um adversário sobre o qual possamos lançar nossos ataques – é este meu remédio contra o cansaço endêmico da vida”.
Esse enunciado, eu o produzi entre um trecho e outro de Nietzsche. Enquanto me mantinha debruçado sobre o livro A Vontade de Potência, ocorreu-me que Nietzsche pôde viver a vida que tanto o ocupou em sua filosofia, em meio aos seus tormentos costumeiros, porque soube aproveitar a vontade de viver para atacar seus adversários com o refinamento de quem sabe esperar o tempo oportuno. Quem são os adversários aos quais se opunha o autodenominado primeiro imoralista? É o próprio Nietzsche que nos esclarece, em Ecce Homo (Por que sou um destino?):


No fundo, são duas as negações que encerra em si a minha palavra imoralidade. De um lado, eu nego um tipo de homem que até agora tem sido considerado como superior: o dos bons, dos benévolos, dos caridosos; de outro, contradigo uma espécie de moral que chegou a adquirir certa preponderância, chamada mais claramente a moral decadente, a moral cristã”.


A filosofia nietzschiana combinou duas formas de entusiasmo: um entusiasmo ofensivo, combativo, que identificou os adversários para atacá-los  em suas trincheiras; e um entusiasmo afirmador, graças ao qual nos ofereceu belas páginas de uma lucidez fortificante. Contra o veneno que enfraquece a vida, Nietzsche ofereceu um antídoto: o seu Zaratustra, o seu homem dionisíaco, o seu amor fati. Nietzsche, que se insurgiu ferozmente contra as tendências negadoras da vida – reunidas sob as categorias do niilismo e do pessimismo, em suas formas diversas – não evitou o reconhecimento de que a vida é desfazimento, é dor, é sofrimento. Sua ousadia consistiu em condenar aqueles que, enfraquecidos pela consciência desta verdade, insistiam em desaprová-la, em condená-la.

A condição de existência do homem é a mentira; de forma diversa, seria não querer ver de modo recalcitrante como é feita, no fundo, a realidade. Esta não é tecida de forma a estimular a todo momento os instintos de benevolência, nem muito menos de maneira a permitir em qualquer ocasião a ingerência de mãos estúpidas e boas”.



Segundo Nietzsche,  o otimista é tão decadente quanto o pessimista; mas, ainda consoante Nietzsche, o otimista talvez seja um tipo mais nocivo porque nunca diz a verdade. Costumeiramente afirma sua “felicidadezinha” na mentira. É um tipo caluniador da vida.


Eu sou o primeiro imoralista; por isso, sou também o destruidor por excelência”.


O primeiro imoralista foi um destruidor que se pretendia também criador, que profetizava um tempo em que os homens seriam artistas.
Seu ateísmo foi reconhecido como instintivo, conforme atesta na passagem seguinte do texto Por que sou tão inteligente:

““Deus”, “imortalidade da alma”, “redenção”, “além”, todos esses são conceitos que nunca levei em conta; nunca com eles sacrifiquei o meu tempo, nem mesmo em criança; talvez nunca fosse bastante ingênuo para fazê-lo? Para mim, meu ateísmo não é uma consequência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto. Sou bastante curioso, suficientemente incrédulo, demasiado insolente para contentar-me com uma resposta tão grosseira. Deus é uma resposta rude, uma indelicadeza contra nós, pensadores; antes, dizendo-se a verdade, não é senão um tosco empecilho contra nós mesmos: não deveis cogitar dele!”.



O Deus cristão esteve, sem dúvida, na linha de frente dos ataques ferinos de Nietzsche. Deus – bem notara o filósofo – era a própria antítese da vida. O cristianismo paulino não é senão a expressão da decadência. O cristianismo, retirando da vida qualquer valor em favor de um “além-mundo”, caracterizado por levar à fadiga os instintos, é uma religião niilista. Nietzsche acusa o cristianismo – e a prática missionária de Paulo, particularmente – de estimular a má consciência “contra o sentimento de dignidade da alma nobre”. Contra o Deus que enfraquece, Nietzsche escreveu:

Ensino o não em face de tudo quanto torna fraco – de tudo quanto esgota. Ensino o sim em face de tudo quanto fortifica, do que acumula forças, do que justifica o sentimento de vigor”[4]


A radicalidade da crítica do conceito de Deus, levada a efeito por Nietzsche, repousa no fato de ele ter conseguido, como poucos, operar uma incisão semântica que permitiu expor os sedimentos de sentido perniciosos encobertos por um longo trabalho de doutrinação. Em Ecce Homo, lemos:

“O conceito de “Deus” foi arquitetado como antítese ao de vida, tendo sido reunido nele, em terrível unidade, tudo o que havia de abjeto, de venenoso, de calunioso: todo o ódio mortal contra da vida”.


Com a invenção do conceito do Deus cristão, o homem torna-se culpado; a vida, objeto de renúncia; a “mundanidade”, de desaprovação.
O que as páginas de Nietzsche nos ensinam, em essência, é que a filosofia só pode estar a serviço da vida (e não pode ser diferente!) se for para afirmá-la contra as diversas tendências que se orquestram para enfraquecê-la, para negá-la.  A vida, enquanto vontade de poder, é um pathos – o fato donde resulta um devir e uma ação.
De que modo, afinal, compenso o peso do cansaço mortificante das páginas cioranianas? A resposta salta evidente: é necessário sorver o vigor nietzschiano compreendendo que o impulso para o "viver mais" depende da força com a qual atacamos as tendências que conspiram para aniquilá-lo.





[1] CIORAN, E. Entrevistas. Porto Alegre: Sulina, 2001, p. 29.
[2] CIORAN, E. Nos Cumes do Desespero. São Paulo: Hedra, 2011, p. 29
[3] CIORAN, E. Do inconveniente de ter nascido. Lisboa: Letra Livre, 2010, p. 44.
[4] NIETZSCHE, F. Vontade de Potência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, p. 201.