Todo poeta é
um suicida
Ponham abaixo todos os versos
Sejam amaldiçoadas as horas
Em que os poetas se esmeraram
[em erigi-los
Não compreendo como inda existem poetas
A ousar falar de coisas infinitas
Nosso mundo já não os compreende
Não pode sentir a vida como eles sentem
Nossa época sepultou a poesia
Todos têm muita pressa (que a lugar nenhum leva)
Nunca fomos expostos a tanta informação
E nunca quiçá fomos tão desinformados
Ninguém tem mais tempo para a ausculta lírica
Ah! Como detesto esta geração que nada retém!
Com sua obsessão de felicidade
Com sua incapacidade de olhar bem fundo
De ver para além das aparências!
Detesto esta geração de rebeldes mimados!
Consumidores de pornografia (a morte de Eros)
Navegantes da superficialidade
Habitantes da caverna pós-moderna
Imersos em vivências sem espessura
Todo poeta é por isso um suicida
E a poesia seu obituário.
(BAR)