quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Poema - todo poeta é um suicida


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Todo poeta é um suicida


Ponham abaixo todos os versos
Sejam amaldiçoadas as horas
Em que os poetas se esmeraram
                               [em erigi-los

Não compreendo como inda existem poetas
A ousar falar de coisas infinitas
Nosso mundo já não os compreende
Não pode sentir a vida como eles sentem
Nossa época sepultou a poesia
Todos têm muita pressa (que a lugar nenhum leva)
Nunca fomos expostos a tanta informação
E nunca quiçá fomos tão desinformados
Ninguém tem mais tempo para a ausculta lírica

Ah! Como detesto esta geração que nada retém!
Com sua obsessão de felicidade
Com sua incapacidade de olhar bem fundo
De ver para além das aparências!
Detesto esta geração de rebeldes mimados!
Consumidores de pornografia (a morte de Eros)
Navegantes da superficialidade
Habitantes da caverna pós-moderna
Imersos em vivências sem espessura

Todo poeta é por isso um suicida
E a poesia seu obituário.


(BAR)

domingo, 9 de outubro de 2016

POEMAS DE DESILUSÃO



                                            Resultado de imagem para desenho Don juanResultado de imagem para desenho do cafajeste
                                                               


Conselho


Se queres o amor de uma mulher
Jamais lhe dês tudo que ela quer
Nunca a ela te entregues totalmente
Conserva a distância; ama-a desinteressadamente

Raramente escrevas-lhe frases de amor
Sê firme e amável, jamais apaixonado
Não lhe desnudes o que há em teu interior
Se queres o interesse. sê desinteressado

Jamais acredites em sua fidelidade
Beija-a com ardor, fingindo sentimento
Alterna doçura com severidade

Faze-a rir mas só raramente
Nunca dela esperes compreensão
Pois o desejo de uma mulher é contradição.


(BAR)

O cafajeste


O cafajeste não se apaixona; pula carnaval
É mestre em encarnar a fantasia feminina
Domina a arte de obter prazer carnal
É tipo de homem que a mulher fascina!

Ele finge ser carinhoso e compreensivo
Sempre dispõe de outras e rejeita compromisso
Jamais bajula, mantém-se distante e misterioso
É o amante perfeito: dá prazer sem ser pegajoso

A mulher entre o desespero e a esperança
É envolvida na arte da representação
Que a torna dependente como a criança

O cafajeste que do amor só conhece a impressão
É entre os homens o mais astuto e esclarecido
Sabe como fisgar a presa sem ser iludido


(BAR)

sábado, 8 de outubro de 2016

Poema - A mulher







O enigma

O enigma


O que a poesia une
O cotidiano separa
Minha sensatez confunde
Mania filosofante
Querer dar razões
Ao que só admite motivos
E motivos desconhecidos
Que se ignoram ou se disfarçam
Com as máscaras do desejo

Que queres, afinal?
Já não sei, nunca soube
Nunca saberei
A mulher é o maior enigma da Natureza
Ela quer tudo e nada ao mesmo tempo
Quer não querendo, e não querendo quer
Assim é a mulher
Sua lógica opera às avessas
As conclusões precedem as premissas
O efeito se dá sem causas aparentes
Tudo nela é indefinição
O que ela diz não corresponde ao que ela quer
Ou ao  modo como se comporta
O que diz num momento
Contradiz no momento seguinte
A mulher a lógica entorta

O seu desejo tem as duas faces de Jano
A porta de entrada é a da saída
A porta da saída é a da entrada
Toma metáforas por ambiguidades
Ambiguidades por metonímias
Perturba a linguagem das emoções
Diz e se contradiz dizendo o que não diz
Simula, dissimula, emula
Se queres compreendê-la,
Prepara-te para a loucura.


(BAR)