sábado, 30 de outubro de 2010

Não poder amar






Não poder amar


Hoje, não sei que sinto
Se é tristeza ou se insisto
Fazer da Dor um abismo

Sinto uma vaga carência,
O amor na florescência
De minha alma deixo estar
Mas sinto não poder amar

Por quê?! Amor, teus olhos,
Impressos na mente, desejo-os!
Te não vejo: vive a vagar!
Foge do enlaço de meus colos
Onde jamais te vi pousar

Estou entediado, te enfadaria!
Se de tua boca a alegria
Alçasse vôos no Céu de tua face
Virias... Amor!... com desgosto
Que nos olhos mora um gosto acre.

Por isso, prefiro o quarto escuro
Os livros, a prece de um mudo,
Prefiro amar-te em segredo,

Prefiro não te fitar... pois sei,
Cairias das nuvens em que moras
Dirias, meu Anjo, que me reprovas
O medo que em mim hospedei.
(BAR)

poema



Bela Adormecida

Você é bela
E à beleza deve-se o seu sucesso
Livre-se do tédio!

Você é sensual
E por isso se destaca entre as concorrentes...

Vá, que a espera!
Bela!
Aquele lindo vestido de pérola
A que seu corpo formoso e esculpido
Se amolda sem gemido

Tome entre as mãos aquela velha amiga
Que lhe incute a juventude prometida!

As amigas:
Cláudia e Criativa
Marie Claire e Manequim
O jantar para mim!

Olhe-se no espelho!...
Quanta adiposidade sobressai de seu ventre!
Em carquilhas, seu rosto a envelhece.
Convida-a ao namoro com a morte
Quer o prazer interdito pelo tempo?
Mas deita-se na cama com o homem a quem não ama
Excogitando num jeito de intumescer, de novo, os seios?

Sinta-se bela e saudável!
Pois só as feias ocupam os leitos
Saia!...
Que as Noites requestam o fulgor de sua vestidura
Sinta-se adorada pois rouba a luz da Lua
Vista aquela calça que lhe assanha os glúteos
Pois o prazer só sente
Se a você desejam...

Sinta-se aprazível
Pois a desejamos.

Os editores.

Cupido




Cupido


Pudera de um querubim desinibido
Uma flecha transpassar-me o coração
E lá ficar a cintilar como um vaga-lume
Que ousou iluminar uma floresta negra.
E ficou preso nos ramos da paixão
Pudera um querubim o amor banido
Lembrar ao homem insulado alheio a emoções
De jovens femininos ingênuos corações,
Que nunca no leito escavado viu adormecer
A mulher dos sonhos por quem jura morrer
Pudera nos dias de um vazio mórbido
Pousar-me n’alma o doce olor de um beijo esquecido.
(BAR)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mulher sem amor









Mulher sem Amor


A mulher sem amor é como o canto errante
De legião de Anjos retirante
Nas plagas calcinadas de sertão funesto
A mulher sem amor é como cemitério

E se dos Céus trovão de volúpia
Tangendo a Lira do poeta cai
A mulher sem amor abriga n’alma a lamúria
É Dor berrante que à sombra se esvai!

A mulher sem amor é como descampado
Não lhe pousa n’alma um sonho sequer
Vaidosa, nua, se deita sem um pecado

A mulher sem amor é como prelado sem fé
N’alma erma só lhe pesa denso tédio
A mulher sem amor é traiçoeiro mistério!
(BAR)

poema



Virgem Remota

A artéria distante, lá fora
Sorria, Safira errante!
Amorfa, ausente no tempo!
Formosa, presente na mente!

Lá fora, ao longe, harmoniosos,
Deitados cachos de mel sobre a face,
Esvoejam, ondulosos, contemplo...
As mãos fantasistas, não as afaste!

Os halos com que vês eu conservo
Na memória submersa na libido e no pecado
Ah! Desejo-te, mulher de Nero – e não nego
Ateando o fogo do amor, outrora mitigado

Lá fora, distas dos desvarios da pena
Do poeta que pena, e meneia a esperar
Sem teu tergo sequer fitar, e anseia
- Ó Silêncio no ventre da Treva!
Por te ver sorridente a me acenar

Eu só, o tempo e o leito e tanto a esquecer...
Esqueço, decerto, e tão-logo teimo
Em no caos encefálico fazer-te aparecer

Eu só... E o tempo que, em galopadas,
Arrasta-me aos vales sombrios da mente,
Ó Vazio Encarnado! – e, de repente, eu...
Eu, consciente, quedo, vejo esfumar-se
Erma de meus anseios, a única imagem,
- Ó sutil liame entre mim e a sanidade!
Singular, entranhado registro teu.
(BAR)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O amor é um negócio



Capital Amoroso


O Amor é um negócio
Os amantes negociantes
Genitálias mercadorias
Nossas noites um vende-compra
Vende-compra, vende-compra
Vende-compra, vende-compra...
Nossa cama um armazém de finanças
Depósito das jóias de minha virilidade

Hoje, a cama um entreposto
Cobiça de capitais estrangeiros
Política de mercado livre!

O amor inflacionado
Entre as pernas, uma tabuleta:
Oferta e Procura
Genitálias penhoradas
Dívida Externa!
Outrora o amor um ninho de –inhos...
Hoje, um quinhão pra banqueiros, deputados...
Um filão de –ismos, negociatas de capitalismo!

O amor administração alfandegária.


(BAR)